Manaus, 03/07/2024

Brasil

Homem condenado a 170 anos de prisão por estupros prova inocência

Homem condenado a 170 anos de prisão por estupros prova inocência
20/05/2024 14h20

Um homem condenado injustamente a 170 anos de prisão por uma série de estupros conseguiu provar sua inocência após cumprir 12 anos da pena. Carlos Edmilson da Silva havia sido apontado como culpado baseado somente em reconhecimento por foto, sem provas de DNA.

De acordo com informações do Fantástico, tudo começou quando, em 2006, Carlos Edmilson foi condenado por furto. Desde então, sua foto passou a constar no sistema da polícia.

Nos meses seguintes, quatro mulheres foram estupradas no município de Barueri, São Paulo. Ao analisarem na delegacia as fotos que constavam no cadastro, elas identificaram Carlos como o autor dos abusos sexuais.

A advogada de Carlos, Flávia Real afirma que a grande maioria dos reconhecimentos “começou com a apresentação para essas vítimas de uma única foto de um único rapaz, que no caso era o Carlos Edmilson”. E que, “no momento em que uma vítima é confrontada com uma única foto, em uma circunstância em que quem mostra a foto já dá a entender que aquela é a pessoa, a chance da vítima acreditar que está diante do agressor dela é muito grande”.

O homem, que até então estava em liberdade, acabou permanecendo preso por três anos até exames de DNA mostrarem que ele não cometeu os estupros. Sua foto, contudo, permaneceu no sistema da polícia, e mais tarde, ele voltou a ser apontado como o responsável por estuprar mulheres em Barueri e Osasco entre 2010 e 2012.

Tendo apenas a imagem como base, 12 promotores o denunciaram e seis juízes o julgaram. Carlos Edmilson foi condenado por 12 estupros e só foi inocentado na última terça-feira (14), por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), após exames de DNA da Superintendência da Polícia Técnico-Científica identificarem o verdadeiro culpado.

Rahal observa que “a Justiça é falha” e que o Estado precisa “reconhecer seu erro” e pagar uma indenização a Carlos. A advogada é a fundadora e diretora do Innocence Project Brasil, uma organização que se dedica a reverter erros do Judiciário sem cobrar nada de seus clientes.

“Foi um homem que perdeu 12 anos da vida dele, que tem uma mancha que é muito difícil de se tirar da vida. A pessoa não entra e sai 12 anos depois a mesma pessoa, e o mínimo na nossa compreensão que ela precisa ter é o amparo do Estado pra ela tentar reconstruir a vida a partir de agora”, completou Flávia.

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