Manaus, 18/06/2024

Polícia

Braço direito do mandante dos assassinatos de Bruno e Dom é transferido para sede da PF em Manaus

Jânio Freitas preso em Tabatinga, no interior do Amazonas — Foto: Divulgação
Jânio Freitas preso em Tabatinga, no interior do Amazonas — Foto: Divulgação
22/01/2024 09h00

Jânio Freitas de Souza, apontado como braço direito do mandante dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, foi transferido para a sede da Polícia Federal, em Manaus. A transferência aconteceu na noite do domingo (21), após ele ser preso, em Tabatinga, interior do Amazonas, no dia 18 de janeiro.

Segundo a Polícia Federal, o homem será indiciado pelo duplo homicídio e por ocultação de cadáveres. Jânio estava cumprindo regime semiaberto há três meses.

A PF informou ainda que pediu a transferência para presídio federal de Jânio e de Ruben Dário da Silva Villar, o “Colômbia”, mandante dos assassinatos, por conta do risco de fuga e risco à integridade física e psíquica dos investigados.

Além deles, os outros investigados pelo crime também devem ser transferidos para presídio federal.

Prisão de Jânio Freitas

A prisão preventiva de Jânio Freitas aconteceu na última quinta-feira (18), em Tabatinga, interior do Amazonas. Com a prisão dele todos os investigados no caso Bruno e Dom foram presos.

Segundo a PF, Jânio chegou a ser preso por pesca ilegal, no dia 5 de agosto de 2022, um mês após os assassinatos de Bruno e Dom. Há três meses o suspeito respondia pelo crime em liberdade.

O pedido de prisão de Jânio foi feito após a PF identificar que ele estava coagindo testemunhas do caso e estar interferindo no andamento do processo contra ele e “Colômbia”.

Em setembro de 2022, dois meses depois dos crimes, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) publicou que o pescador era funcionário temporário da Prefeitura de Secretaria de Interior de Atalaia do Norte, onde ocupava a função de auxiliar de serviços gerais.

De acordo com a entidade, que investiga crimes contra jornalistas, mesmo preso, Jânio continuava recebendo salário da prefeitura. Ainda segundo a reportagem, em julho daquele ano, o pescador recebeu salário de R$ 1.212,00.

Jânio aparece em uma das últimas fotos feitas de Dom Phillips com vida, segundo a investigação.  — Foto: Reprodução/Globoplay
Jânio aparece em uma das últimas fotos feitas de Dom Phillips com vida, segundo a investigação. — Foto: Reprodução/Globoplay

O nome de Jânio de Freitas aparece em uma outra investigação da PF: o assassinato de Maxciel Pereira dos Santos, agente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) executado por um pistoleiro em 2019, em Tabatinga. A cidade fica próxima a Atalaia do Norte.

Na época em que esteve preso em 2022, Jânio chegou dar depoimento na nona sessão da audiência de instrução e julgamento do caso Bruno e Dom.

Ele contou que no dia da morte de Bruno e Dom, o indigenista afirmou que mandaria a Polícia Federal prender os pescadores ilegais que estavam invadindo lagos de manejo das comunidades ribeirinhas.

Porém, as investigações da Polícia Federal identificaram que Jânio agia além da pesca ilegal, ele é braço direto e de confiança de “Colômbia”, que ordenou a morte do indigenista Bruno Pereira, que comandava uma série de apreensões de carregamentos de peixes capturados de áreas indígenas.

Ainda segundo as investigações, o jornalista Dom Phillips foi morto porque acompanhava o indigenista.

Investigações

No inquérito policial que apura o homicídio de Bruno Pereira e Dom Phillips, já foram indiciados os executores, e os ocultadores dos cadáveres das vítimas.

Durante as investigações foi indiciado como mandante dos homicídios, Rubem Dario da Silva Villar, conhecido como “Colômbia”, bem como outros envolvidos no esquema criminoso.

“Registre-se que Colômbia se encontra preso em Manaus, por motivo de falsificação de documentos de identidade, bem como também por ser chefe de uma organização criminosa transnacional armada, em outro inquérito que apurou pesca ilegal e contrabando”, disse a PF.

Com o prosseguimento das investigações, ficou constatado em diversos documentos, que ele possuía um segurança armado. Ainda de acordo com o apurado, Colômbia dirigia sua organização criminosa por meio de informações recebidas por este segurança.

O caso

Bruno e Dom desapareceram quando faziam uma expedição para uma investigação na Amazônia. Eles foram vistos pela última vez no dia 5 de junho de 2022, quando passavam em uma embarcação pela comunidade de São Rafael, em Atalaia do Norte, no Amazonas.

De São Rafael, seguiriam para a sede de Atalaia do Norte. A viagem de 72 quilômetros deveria durar apenas duas horas, mas eles nunca chegaram ao destino.

As buscas pelos dois começaram no mesmo dia, por integrantes União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), que acionaram as autoridades.

Após dias de buscas, os restos mortais de Bruno e Dom foram encontrados enterrados, em uma área de mata de difícil acesso, no dia 15 de junho de 2022.

As investigações concluíram que as vítimas foram mortas a tiros e os corpos, esquartejados, queimados e enterrados. Segundo laudo de peritos da Polícia Federal, Bruno foi atingido por três disparos, dois no tórax e um na cabeça. Já Dom foi baleado uma vez, no tórax.

Amarildo da Costa Oliveira, o “Pelado”, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos santos”, e Jefferson da Silva Lima, conhecido como “Pelado da Dinha”, foram presos suspeitos de cometerem os assassinatos.

Além dos três acusados, no fim de janeiro de 2023, a Polícia Federal (PF) apontou “Colômbia” como o mandante dos homicídios.

O mandante do crime está preso desde dezembro de 2022. Ele chegou a ser solto após pagar uma fiança de R$ 15 mil, em outubro. A prisão foi decretada novamente pela Justiça Federal após ele descumprir condições impostas quando obteve liberdade provisória. “Colômbia” também é investigado por pesca ilegal e tráfico de drogas.

Segundo as investigações, “Colômbia” tinha relação direta com Amarildo. No processo, o Ministério Público Federal denunciou Amarildo, Oseney e Jefferson pelo assassinato das vítimas.

As buscas pelos dois começaram no mesmo dia, por integrantes União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), que acionaram as autoridades.

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