“Eu vou na enfermaria em que ele estiver para debater o país. Os brasileiros precisam saber a verdade sobre as coisas. Vamos tratar isso de forma adulta e não fazendo criancice na internet contando com a boa fé das pessoas que são crédulas. Muita gente acredita no que recebe no WhatsApp, mas lá você não tem o contraditório. No debate você tem”, disse Haddad.
Ao falar sobre notícias falsas quem têm sido distribuídas durante a campanha, o petista afirmou que a Justiça brasileira não consegue conter os danos de imagem que elas produzem.
“A justiça cassa, vão lá e produzem outros (…) Eu entendo que no segundo turno o peso das fake news é menor, se tiver debate. Não há como se acovardar no debate. Ele vai ter que enfrentar. As atitudes covardes de redes sociais são impossíveis no debate face a face. Temos que passar a limpo muita coisa”, disse.
Questionado sobre por que o PT não admitia “erros” no governo, Haddad disse que sempre foi pessoalmente “crítico aos equívocos cometidos” em entrevistas e artigos que escreveu.
“A questão das desonerações (tributárias) foram, na minha opinião, um ponto. Inclusive reconhecido pela própria Dilma [Rousseff] de condução da política econômica no final do seu primeiro mandato. Eu tenho sido muito franco na análise que fiz dos nossos governos”, afirmou.
Para Haddad, o maior erro do PT foi não ter feito uma reforma política.
“Na minha opinião o maior erro foi não ter feito a reforma política. Isso abriu brechas em todo o sistema político para que pessoas se comportassem de maneira equivocada. Tínhamos que ter enfrentado o debate sobre financiamento empresarial de campanha. Precisou o STF declarar inconstitucional. Eu penso que isso deve ser reconhecido. Erramos nesse aspecto. Tínhamos que ter enfrentado isso na primeira hora, em 2003”, disse.
Perguntado sobre se acha que a Venezuela é uma democracia ou ditadura, Haddad defendeu a diplomacia para lidar com o país vizinho.
“O papel do Brasil é de líder do continente. Nós devemos ajudar os países que estão com problemas a encontrar um caminho de fortalecimento da soberania nacional e popular. Temos mecanismos para isso. Não precisamos tomar partido. Não precisamos de base militar. Não precisamos declarar guerra a vizinho nenhum. Isso é uma tradição da diplomacia brasileira”, disse.
Haddad citou medidas adotadas pelos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Lula.
“Temos que retomar a boa diplomacia brasileira. A que não se envolve em conflitos internos. Respeita a autodeterminação dos povos, mas exerce a liderança”, completou.
Ele afirmou ainda que pergunta deveria ser feita a Bolsonaro.
“Essa pergunta você deveria dirigir a quem defendeu a ditadura no Brasil, a tortura e a cultura do estupro, o meu adversário. Meu adversário até hoje defende torturadores abertamente”, afirmou Haddad.